sábado, julho 31, 2010

Justiça proíbe livro sobre a morte de Isabella

Pedido da mãe

Justiça proíbe livro sobre a morte de Isabella



A Justiça de São Paulo proibiu a publicação do livro A condenação do casal Nardoni — erros e contradições periciais escrito pelo médico e perito George Sanguinetti. Na obra, o polêmico perito afirma que a menina Isabella não foi assassinada pelo pai e pela madrasta, como decidiu o Tribunal do Júri, mas por um pedófilo. O juiz Enéas Costa Garcia, da 5ª Vara Cível de São Paulo, atendeu o pedido da mãe da menina, Ana Carolina de Oliveira, e determinou a busca e apreensão dos exemplares que, eventualmente, estiverem editados ou em circulação e previu multa de R$ 100 mil no caso de descumprimento da decisão.


No dia 29 de março de 2008, Isabella Nardoni morreu ao cair do 6ª andar de um prédio, na zona norte de São Paulo. Após as investigações, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram apontados pelo Ministério Público como culpados e, dois anos depois, condenados pela Justiça. O pai, a 31 anos de prisão. A madrasta, a 26 anos. Sanguinetti foi contratado pelo casal para fazer uma perícia paralela.
Ao aceitar o pedido de Tutela Antecipada, o juiz afirma que como a obra ainda não foi publicada não haverá qualquer prejuízo caso o lançamento seja postergado. “Neste momento não é possível aferir, em toda sua plenitude, a licitude da publicação que se anuncia”, afirma. Entretanto, “à luz das declarações prestadas pelo próprio requerido é possível reconhecer o fumus boni iuris na reclamação formulada pela autora”, explica.
“Há necessidade de ponderação entre os direitos constitucionais em conflito (liberdade de expressão versus tutela antecipada da personalidade), havendo verossimilhança na alegação de que a obra seria lesiva à privacidade dos envolvidos.”
A mãe de Isabella também queria que Sanguinetti fosse proibido de conceder entrevistas sobre o livro à imprensa, pedido que foi negado pelo juiz. Para o titular da 5ª Vara Cível, conceder esta tutela “implica excessivamente na ingerência na liberdade individual. Eventual abuso nesta conduta deve ser aferido em ação própria”.
A mãe de Isabella Nardoni, Ana Carolina de Oliveira, pede indenização por danos morais ao autor da obra, por ele não ter autorização prévia para usar o nome da criança. Ela também contesta a tese sugerida pelo perito de que Isabella foi vítima de um pedófilo.


Contradições periciais

No livro
A condenação do casal Nardoni — erros e contradições periciais, o médico George Sanguinetti afirma que para se livrar de uma condenação e ainda omitir o crime de pedofilia, uma terceira pessoa teria jogado Isabella da janela. Ele diz também que as unhas de Isabella, Alexandre Nardoni, Anna Carolina Jatobá e de funcionários do prédio não passaram por raspagem. Exame que, segundo o médico, poderia indicar se houve ou não luta momentos antes da queda da garota.


O perito diz que o exame não foi feito porque desde o início das investigações a polícia já considerava o casal culpado pela morte da menina, descartando a possibilidade de uma terceira pessoa no crime.


Sanguinetti constatou pessoalmente que os muros do condomínio onde o edifício está localizado eram baixos e de fácil acesso. Na época, havia apenas um prédio em construção e um terreno baldio nos arredores. O médico lembra em seu livro que o policial responsável por uma busca por suspeitos na noite do crime, suicidou-se dias depois, acusado de pedofilia.


O livro diz que a esganadura apontada na necropsia não existiu. Isso porque o exame externo do corpo não apontou nenhuma lesão, escoriação ou arranhão produzido por unhas na região do pescoço. Já o exame interno, também não indica a fratura de cartilagens. O laudo aponta que houve asfixia, entretanto, para o médico, não foi por esganadura. Para Sanguinetti, ela foi produzida por uma embolia pulmonar decorrente de fragmentos ósseos.


Outro ponto rebatido pelo médico é o ferimento na cabeça da garota. Segundo ele, o sangue que escorreu do ferimento, deslizou da esquerda para a direita, o que já anularia a tese de que ele foi produzido por uma chave, dentro do carro do casal. O líquido ia escorrer para baixo, em obediência lei da gravidade, explica. Os ferimentos na boca da menina teriam sido resultado do atendimento de primeiros socorros, o que traumatiza lábios e traquéia.


As fraturas no punho e na bacia indicadas na necropsia seriam decorrentes da queda do 6ª andar. Diferentemente do que alegou a acusação, de que a garota teria sido jogada no chão pelo pai ao entrar em casa.
O assunto mais polêmico abordado pelo médico é quando ele explica os ferimentos genitais na menina. Segundo ele, os peritos afirmam, em laudo, que os machucados foram causados também na queda na menina no assoalho de casa, porém, assinam que não havia particularidades na região.


Reviravolta judicial
Sanguinetti também gerou polêmica com o livro
A Morte de PC Farias: O Dossiê de Sanguinetti, no qual rebate a tese da polícia e do perito Badan Palhares de que Suzana Marcolino teria matado Paulo Cesar Farias, e em seguida, se matado. A tese de que o crime teria motivação passional foi quebrada com laudos técnicos que apontavam que Suzana não teria a altura suficiente para o laudo assinado por Palhares.
Seguranças de PC Farias foram indiciados pela morte do casal e devem ir a Júri popular ainda neste ano.

Um comentário:

  1. Onde está o direito de expressão? A liberdade de um debate científico? Parece até o caso de Galileu, quem não concorda vai para a fogueira, aqui ainda se pede indenização por danos morais, onde está o dano moral? O dano moral, não seria denegrir a outra parte da família da criança... Algum dia eles maltrataram a criança? Uma série de absurodos, uma vontade desesperada de incriminar o pai e a madrasta... Por que a mãe da criança, não quer em hipótese alguma escutar uma outra versão para os fatos? Por que fica tão incomodada? Não me parece razoável. Se fosse o contrário, os filhos dele passariam um dia em sua casa, e aconteceria um sinistro, e eles incriminariam a ela e seu namorado, que aliás parece ser da polícia... Será que eles achariam que foram eles, não os ouviríam? Se são pessoas perigosas, por que confiou neles? Ah! Até então não haviam sido... Por que se descontextualiza, por que não se ouve o que os acusados tem a dizer? E aí, ele diz que encontrou algumas gotas de sangue no apartamento, viu a tela cortada, pisou na cama e foi ver na janela, e encontrou a filha caída? Ele podía identificar que ela estava viva lá de cima? Acho que não. Disse para ligar para os pais enquanto esperava o elevador, que seria mais rápido do que pegar mais de 6 andares, de escada já que em prédio moderno há andares de play, garagem ,etc e foi ao encontro da filha. Negou-lhe socorro, segundo seu relato? Não. Viu que o seu coração estava batendo e socorrê-la ele mesmo,quando o vizinho disse para não mexer nela, naturalmente, por pensar protegê-la, para que os paramédicos a imobilizassem de forma adequada. Mas na narrativa da imprensão a idéia que fica é que sentou para pensar o que ía fazer e ligou para a família para perguntar o que deveria fazer, e não o que estava acontecendo.
    Se houvesse tanto sangue no apartamento, a roupa da garota estaría cheia de sangue, não parece que foi isso. Parece que não sabem que o luminol reage ao ferro, mas que não é só na hemoglobina que ele pode ser encontrada, mas em muitas coisas. A delegada conclui de forma surrealista que quem chamou pelo pai foi o irmão de quase 4 anos, se isto fosse verdade Ana Jatobá não querería que ele fosse ouvido, a criança na mesma hora em meio ao tumulto falaria o que estava ocorrendo. Por último, se ela tivesse se quebrado toda no apartamento, na queda de mais de 20 metros não sofreria nada? Milagre ou afronta a inteligência... É estranha a mordaça que se quer colocar no caso... Por que não se quer o debate? Só teme o debate quem não tem argumentos.

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